RETRATOS DE CHUMBO RETORNA NOS PALCOS DO TEATRO HERMÍLO BORBA FILHO E APOLO

Um grupo teatral recifense celebra a marca de 42 edições de um espetáculo realizado ao longo de seis anos. O feito é ainda mais notável por ter sido alcançado sem o apoio de leis de incentivo ou editais, com todas as apresentações realizadas de forma independente. Falar de jogo do poder, torturas, manipulação do povo, em nome da Pátria e de Deus no período de Chumbo da Ditadura Militar, é o foco central da peça *"Retratos de Chumbo"* com texto e direção de Oséas Borba Neto e encenação do Grupo João Teimoso, que mostra este período da nossa história pela ótica de personagens mulheres, que lutaram, no período da ditadura militar no Brasil. E volta em cartaz no dias 21 e 22 de Junho no Teatro Hermílo Borba filho e dia 28 de junho no Teatro Apolo.

"Pouquíssimos grupos conseguem manter um espetáculo por tanto tempo, especialmente sem apoio financeiro," destaca o diretor do Grupo João Teimoso e do espetáculo, Oséas Borba Neto. "Chegaremos ao final de junho com 42 edições. Buscamos apoio de sindicatos e parcerias para continuar."

Apesar de uma pausa de um ano e meio devido à pandemia, o grupo manteve uma média alta de apresentações por ano. No início do Grupo João Teimoso, o espetáculo "Bordel Pátria Amada" teve 60 apresentações com três temporadas de três meses cada nos anos de 2022 e 2023.

Muito difícil um espetáculo nos dias de hoje ter vida longa, principalmente se não tiver apoio de leis de incentivo. Mas Retratos de Chumbo, derruba esta regra e chega a 42 edições nesta temporada, sem editais e apenas com a garra desse Grupo que tem 24 anos de atuação no estado de Pernambuco. E a divisão de continuar com a peça em cartaz, vem da necessidade de lembrar do período nefasto para nunca mais se repetir e de conscientizar mais o nosso povo, contar a verdadeira história e retirar as vendas colocadas nos olhos de parte da população.

"Retratos de Chumbo, As Rosas que Enfrentaram os Canhões", espetáculo do Grupo de Teatro João Teimoso, é baseado em muita pesquisa, entrevistas e depoimentos de pessoas que viveram estes anos sombrios de nossa história. E foi decisão do Grupo, narrar o lado das mulheres nesta luta, onde elas foram tão brutalmente torturadas e muitas vezes tão pouco citadas nos registros da época.