Esse contexto se intensificou nos últimos anos em razão do
isolamento social por causa pandemia da Covid-19 e da maior preocupação das
pessoas em relação à saúde, trabalho, alimentação e com o futuro. E esse quadro
“ansioso” está presente na sociedade e principalmente nas camadas mais
vulneráveis. Isto é, na vida das pessoas que não têm renda suficiente para
terminar o mês, em que a alimentação é escassa ou até mesmo para aqueles que
trabalham horas por dia para garantir o sustento do lar.
Dia após dia, esse cenário se torna palco para incertezas e
inseguranças emocionais. Dessa forma, a Legião da Boa Vontade (LBV) atua com
serviços de fortalecimento de vínculos, ajudando famílias em situação de
pobreza a lidar com as adversidades. É por meio da escuta ativa e de uma equipe
multidisciplinar preparada que a Entidade apoia milhares de pessoas para que
consigam ressignificar suas histórias e a se reerguer diante dos desafios.
Segundo a psicóloga e psicoterapeuta dra. Karen Scavacini,
temos muitos sentimentos, e todos eles são importantes. Em sua palestra “É
possível ter saúde mental em tempos desafiadores?” realizada durante o 24º
Congresso Internacional de Educação da LBV, a profissional salienta que é
possível, sim. Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP),
diretora científica da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio
(Abeps), membro do Advisory Board do Centro de Valorização da Vida (CVV) e
membro do Suicide and Self Injury Advisory Commitee, do Facebook, Karen explica
que “saúde mental é conseguirmos viver bem, ter um estado de bem-estar e reagir
às coisas que nos acontecem”.
Scavacini destacou que, nesse período de pandemia da
Covid-19, as pessoas passaram por um estado de estresse, de preocupação, de
perdas, de lutos e que, por isso, não são as mesmas de dois anos atrás, embora,
nessa retomada, haja uma expectativa de que está todo mundo se reencontrando.
“Todos estamos levando cicatrizes dessa pandemia. [Em] alguns, a ferida ainda
nem cicatrizou e está muito doída, principalmente para as pessoas que perderam
alguém”, comenta.
Em sua explanação, o recado é claro: “Está na hora de se
cuidar um pouco mais”. Inclusive, a dra. Karen enfatiza que é essencial
atitudes no cuidado de si mesmo diariamente e valorizar pensamentos e emoções
na tentativa de administrar melhor alguns incômodos ou situações mal
resolvidas. O ideal é colocar o autocuidado como hábito e buscar formas de
preservar a saúde física, psíquica e emocional.
A psicoterapeuta ressalta ainda que é preciso identificar o
momento de pedir ajuda: “Quando começam a vir muitos pensamentos sobre morte,
quando sente que a energia foi embora, quando tem muitos sintomas e está muito
difícil de prosseguir, não tem problema em pedir ajuda. Ninguém é fraco por
pedir ajuda, pelo contrário, vai ajudar a descobrir tanto o que está
acontecendo quanto que caminhos você pode ter”.
Valorização da Vida e autocuidado
O tema “Transtorno de Ansiedade” é trabalhado frequentemente
nos serviços e programas promovidos pela Legião da Boa Vontade em suas unidades
socioeducacionais e mais fortemente no Setembro Amarelo, nome da campanha que
visa conscientizar a população a respeito do suicídio. Dentre as atividades
realizadas pela LBV, o grupo de idosas que frequenta o serviço Vida Plena vem
participando de rodas de conversa, jogos educativos, sessão de cinema,
meditação guiada e dinâmicas como a “Tomografia da Vida”. Na próxima terça-feira (27), às 14 horas, a LBV fará um bate-papo com o
psicólogo, Lucio Mário Silva para troca de experiências sobre a temática no
Centro Comunitário de Assistência Social da Instituição em Recife/PE,
localizado na Rua dos Coelhos, 219 – bairro Coelhos. Para outras informações,
acesse www.lbv.org.